segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Running up that hill.

Eu acho que a morte vem mesmo em forma de luz. Eu imagino que quando nós estamos prestes a ir para o “outro lado”, aquela voz sedutora nos dá a maravilhosa opção de não nos preocuparmos mais com nada. Nada de responsabilidades, nada de dor, nada de sofrimento, nada de resolver todos esses problemas. Você vai finalmente descansar. E, em contraponto, há aquela voz que nos lembra sobre todos os motivos pelo qual nós devemos continuar seguindo em frente. Mesmo que haja dor, mesmo que haja responsabilidades.
Acontece que há um momento em que nós perguntamos pra nós mesmos: “Por que você quer ficar?”. E nesse momento toda a nossa dor vai tentar nos convencer de que a nossa alma merece um descanso. E você vai pensar nas pessoas que você ama e talvez você pense que talvez elas fiquem melhor sem você, ou que elas vão superar, ou que elas finalmente vão aprender o valor que você tinha.
Mas pra você realmente ficar, de duas uma: Ou você tem muito medo de descobrir o que te espera, ou você tem realmente um bom motivo que te encoraje, algo que faça tudo de ruim valer a pena.
Se você tem aquela luz de alegria, que te faz pensar que não importa o quanto seja difícil viver, o mais difícil é ficar sem a luz; que te faz acordar todos os dias e pensar que você não está aqui em vão; que te faz ver que não importa o quão cinza o mundo fique, você pode encontrar a cor; então você tem um motivo pra lutar. Não importa se é alguém, se é algo, se é um sonho.
Mas se você não tem nada disso, nem um pingo de saudade de alguma luz que você um dia teve... Bem, eu sinto dizer que você já está, de fato, morto.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Seed

Dizem que os melhores textos são escritos a partir da dor. Eu não posso descrever o que eu sinto agora, mas eu sinto que eu quero escrever. Esse monte de coisas aleatórias que não fazem muito sentido. Ou talvez façam, eu não sei.

Eu cheguei a esse ponto em que eu não sei de mais nada. Eu não sei o que fazer. O que me espera lá na frente é imprevisível e eu não sei o que fazer se tudo não acontecer como eu planejo. Se tudo tomar um rumo completamente diferente. Eu me pego um milhão de vezes com as mãos na cabeça, o coração cheio de dor e os olhos apertados, tentando não deixar a primeira lágrima cair quando eu me pergunto “E agora?”.

E em voz alta eu repito “E agora?”.

E é inevitável quando eu ouço aquela pergunta sair de mim, e eu penso nela como se outra pessoa estivesse me perguntando e eu sinto como se eu devesse ter uma resposta, mas eu não tenho. Então, é inevitável ouvir o desespero na minha voz quando a pergunta sai. E quando a primeira lágrima cai, ela já vem em um conjunto espesso e eu não posso mais controlar o choro desesperado. E quanto mais eu tento me acalmar, mais eu penso nas coisas que me fazem querer chorar.

Eu mesma me abraço, e eu mesmo me digo pra ficar calma, que vai ficar tudo bem. Eu enxugo meu próprio rosto e eu sorrio pra mim mesma.

E eu estar sozinha desse jeito não me faz querer chorar mais. Me faz ter raiva. E por raiva eu me mando parar de ser idiota, e parar de chorar porque ninguém se importa. E é quando eu consigo dormir, porque o choro dá aquela sensação de cansaço e o sono vem mais fácil, e eu to pensando com os olhos fechados quando de repente, os meus pensamentos são substituídos por sonhos que me deixam mais confusa ainda.

E no meio da noite eu acordo. Não tem luz nenhuma e eu demoro pra me situar. Eu sei onde estou, eu não estou em casa e não tem ninguém comigo.

Eu construí meu próprio mundo, eu me isolei dentro dele, juntei tantas coisas aleatórias e sem sentido, que eu não sei se alguém um dia vai se sentir confortável pra entrar. Porque é impossível que alguém se identifique com tantas coisas avulsas, que eu peguei de tantos mundos diferentes, de tantos lugares isolados. E eu acho que eu só me fodi entrando nesses lugares tão isolados e me afundando neles. E agora eu sou tão diferente que nada me é familiar, nada me dá segurança, nada me dá conforto. Eu me tornei uma bagunça.

E eu nem posso falar sobre isso com ninguém porque... Bem, porque a pessoa ia pensar que o que eu to dizendo não faz sentido.

Faz sentido, Hannah?